OS NOVOS BAIRROS DA ZONA ORIENTAL DE LISBOA
Eng. Duarte Pacheco - Ministro Obras Públicas
Em 1933 o Governo de António Oliveira Salazar tomou medidas para resolver o problema de falta de habitação para os mais desfavorecidos. Assim nasceram diversos bairros, entres os quais o Bairro da Encarnação, planeado em 1940 pelo Arquiteto Paulino Montez. Trata-se de um bairro de pequenas moradias em estilo neo-tradicional português, com o formato peculiar de uma borboleta.
O Bairro de Olivais-Norte, corresponde à célula A do estudo de Urbanização de Olivais, cujos projetos remontam a 1955-1958. Os testemunhos rurais aqui existentes foram plenamente integrados no projeto de espaços exteriores pelo Arquiteto Ponce Dentinho, e convivem com os edifícios elaborados pelos Arquitetos Sommer Ribeiro e Falcão e Cunha. É a primeira grande intervenção na cidade seguindo os princípios da carta de Atenas. O Plano, da responsabilidade da CML-GTH, foi aprovado em 18.03.1960 e previa 1600 habitações, repartidas por quatro categorias a que correspondiam rendas de aluguer diferenciadas. Aproveitaram-se arruamentos já feitos para implementar uma malha muito simples em que os elementos se repetem de forma regular, sem formar um núcleo bem definido que o polarize.
Nos anos 40 são construídas uma série de estradas novas que ligam os Olivais ao centro de Lisboa. Em 1942 foi inaugurado o Aeroporto da Portela e os aviões deixaram de aterrar no cais dos hidroaviões.
Foi em meados dos anos 50 que tudo começou a mudar. O Bairro dos Olivais-Sul começou a ser construído na sequência do Dec-Lei 42454 de 18.8.1959, em terrenos expropriados ao abrigo do regime dos «Centenários». Cortaram-se as oliveiras, desapareceram as quintas, as hortas e as searas. Desapareceu a paisagem campestre.
O plano, da CML-GTH, apostava na conceção organicista da cidade e nos princípios da Carta de Atenas (mais clara a estrutura celular do que nos Olivais Norte), numa grande autonomia de equipamentos e serviços e numa boa ligação a toda a área oriental da cidade e à faixa industrial, que se estendia por cerca de 25 km até Vila França de Xira, local de emprego privilegiado. As ligações ao Centro de Lisboa eram asseguradas pelas Avenidas Almirante Gago Coutinho e Infante D. Henrique.
O Bairro de Olivais-Norte, corresponde à célula A do estudo de Urbanização de Olivais, cujos projetos remontam a 1955-1958. Os testemunhos rurais aqui existentes foram plenamente integrados no projeto de espaços exteriores pelo Arquiteto Ponce Dentinho, e convivem com os edifícios elaborados pelos Arquitetos Sommer Ribeiro e Falcão e Cunha. É a primeira grande intervenção na cidade seguindo os princípios da carta de Atenas. O Plano, da responsabilidade da CML-GTH, foi aprovado em 18.03.1960 e previa 1600 habitações, repartidas por quatro categorias a que correspondiam rendas de aluguer diferenciadas. Aproveitaram-se arruamentos já feitos para implementar uma malha muito simples em que os elementos se repetem de forma regular, sem formar um núcleo bem definido que o polarize.
Nos anos 40 são construídas uma série de estradas novas que ligam os Olivais ao centro de Lisboa. Em 1942 foi inaugurado o Aeroporto da Portela e os aviões deixaram de aterrar no cais dos hidroaviões.
Foi em meados dos anos 50 que tudo começou a mudar. O Bairro dos Olivais-Sul começou a ser construído na sequência do Dec-Lei 42454 de 18.8.1959, em terrenos expropriados ao abrigo do regime dos «Centenários». Cortaram-se as oliveiras, desapareceram as quintas, as hortas e as searas. Desapareceu a paisagem campestre.
O plano, da CML-GTH, apostava na conceção organicista da cidade e nos princípios da Carta de Atenas (mais clara a estrutura celular do que nos Olivais Norte), numa grande autonomia de equipamentos e serviços e numa boa ligação a toda a área oriental da cidade e à faixa industrial, que se estendia por cerca de 25 km até Vila França de Xira, local de emprego privilegiado. As ligações ao Centro de Lisboa eram asseguradas pelas Avenidas Almirante Gago Coutinho e Infante D. Henrique.
CRITÉRIO URBANÍSTICO SEGUIDO NOS OLIVAIS SUL
Maqueta dos Olivais-Sul - Escala 1/500
Os primeiros estudos para os Olivais foram feitos entre 1955-1962.
Em 1960, a Câmara Municipal de Lisboa indicou as malhas urbanas que ficariam ao abrigo do regime de construção das habitações de renda económica. Os trabalhos de planificação detalhada na malha começaram ainda nesse ano. No total, as três malhas escolhidas - Olivais Norte, Olivais Sul e Chelas - atingiam cerca de 710 hectares, As incumbências do Gabinete Técnico de Habitação (GTH) iam da expropriação dos terrenos aos estudos de urbanização, dos projetos de arquitetura dos edifícios à preparação das empreitadas e sua condução. A margem de manobra para o serviço de Planeamento era considerável; na Direção do gabinete, Jorge Carvalho de Mesquita ensaiou um programa com uma forte vocação experimental quer ao nível construtivo quer ao nível do planeamento, do desenho urbano e da arquitetura de habitação.
No Plano de urbanização dos Olivais Sul, a equipa de urbanistas composta pelos arquitetos José Rafael Botelho, Carlos Duarte, mais tarde enriquecida por António Freitas, Celestino da Costa e Mário Bruxelas, criou quatro escalões de programação e de planeamento que permitiam a tradução dos princípios gerais do programa em projeto urbanístico e arquitetónico. A unidades comuns a todos os escalões eram o número de habitantes previsto e uma determinada área de solo. Cruzadas, as escalas formavam um escalão ecológico ao qual diferentes peças de equipamento, usando a linguagem da época, eram adstritas: o número e variedade de comércios, os mercados, as escolas para diferentes graus de ensino, as igrejas, por exemplo. Em suma, a equipa de urbanistas definia o povoamento dos órgãos considerados necessários à vida social na unidade urbana.
Apostando numa conceção baseada no princípio da integração social (o equilíbrio conseguido pela coexistência das diferenciações e não pela separação destas), todas as células tinham previstas as quatro categorias de renda. (ver mapa em "Arquitetura e Urbanismo")
Em 1960, a Câmara Municipal de Lisboa indicou as malhas urbanas que ficariam ao abrigo do regime de construção das habitações de renda económica. Os trabalhos de planificação detalhada na malha começaram ainda nesse ano. No total, as três malhas escolhidas - Olivais Norte, Olivais Sul e Chelas - atingiam cerca de 710 hectares, As incumbências do Gabinete Técnico de Habitação (GTH) iam da expropriação dos terrenos aos estudos de urbanização, dos projetos de arquitetura dos edifícios à preparação das empreitadas e sua condução. A margem de manobra para o serviço de Planeamento era considerável; na Direção do gabinete, Jorge Carvalho de Mesquita ensaiou um programa com uma forte vocação experimental quer ao nível construtivo quer ao nível do planeamento, do desenho urbano e da arquitetura de habitação.
No Plano de urbanização dos Olivais Sul, a equipa de urbanistas composta pelos arquitetos José Rafael Botelho, Carlos Duarte, mais tarde enriquecida por António Freitas, Celestino da Costa e Mário Bruxelas, criou quatro escalões de programação e de planeamento que permitiam a tradução dos princípios gerais do programa em projeto urbanístico e arquitetónico. A unidades comuns a todos os escalões eram o número de habitantes previsto e uma determinada área de solo. Cruzadas, as escalas formavam um escalão ecológico ao qual diferentes peças de equipamento, usando a linguagem da época, eram adstritas: o número e variedade de comércios, os mercados, as escolas para diferentes graus de ensino, as igrejas, por exemplo. Em suma, a equipa de urbanistas definia o povoamento dos órgãos considerados necessários à vida social na unidade urbana.
Apostando numa conceção baseada no princípio da integração social (o equilíbrio conseguido pela coexistência das diferenciações e não pela separação destas), todas as células tinham previstas as quatro categorias de renda. (ver mapa em "Arquitetura e Urbanismo")
Ocupando uma área de 186 hectares, o planeamento teórico global deste Bairro reagiu às regras seguidas em Olivais Norte e assim surgiu uma organização e interpretação celular de desenvolvimento, uma organização espacial variada. Na estrutura deste bairro parece ter tido grande influência as experiências nórdicas, com edifícios pontuais e em bandas onduladas, quebradas na definição por espaços livres e espaços verdes, e as experiencias inglesas, especialmente de Abercrombie, no estabelecimento de unidades base de vizinhança.
A malha foi aqui dividida em células habitacionais onde foi feito o zonamento de áreas e funções (um pouco da influência do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna - 1933 - Atenas, onde participaram alguns arquitetos portugueses, trazendo novas ideias e conceitos de fazer a cidade); no interior da malha os arruamentos eram hierarquizados em vias principais e secundárias e uma rede de caminhos de peões ligava os acessos mais importantes da malha; as células seriam autónomas no que se refere ao comércio local, estruturado por núcleos de 10-12 lojas, possuiriam equipamento infantil, primário e escolar (nunca excedendo os 400 m como distância máxima a percorrer), de zonas de recreio ao ar livre para crianças e adultos e de equipamentos com acesso através dos caminhos para peões; e uma das células - a célula central única - seria a zona onde as funções e o equipamento diverso seriam o "centro" de toda a área de intervenção.
As células habitacionais seriam o equivalente à unidade base de vizinhança, cada uma com uma distribuição equilibrada de habitação, equipamento, rede viária, espaços livres, etc., criando-se zonas comerciais pontuais e zonas funcionalmente centrais - os centros - que deveriam vir a tronar-se responsáveis pelo incremento dinâmico das relações urbanas.
Depois de estabelecido o Plano de Urbanização, um grande número de projetistas interpretou e gozou a sua parcela de arquitetura com certa liberdade. Esta liberdade originou parcelas de arquitetura cuidada e rica em pormenor, á escala humana, com grande dimensionamento de espaços exteriores em certas áreas e pontos atuantes como atrativos para o encontro da população.
A malha foi aqui dividida em células habitacionais onde foi feito o zonamento de áreas e funções (um pouco da influência do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna - 1933 - Atenas, onde participaram alguns arquitetos portugueses, trazendo novas ideias e conceitos de fazer a cidade); no interior da malha os arruamentos eram hierarquizados em vias principais e secundárias e uma rede de caminhos de peões ligava os acessos mais importantes da malha; as células seriam autónomas no que se refere ao comércio local, estruturado por núcleos de 10-12 lojas, possuiriam equipamento infantil, primário e escolar (nunca excedendo os 400 m como distância máxima a percorrer), de zonas de recreio ao ar livre para crianças e adultos e de equipamentos com acesso através dos caminhos para peões; e uma das células - a célula central única - seria a zona onde as funções e o equipamento diverso seriam o "centro" de toda a área de intervenção.
As células habitacionais seriam o equivalente à unidade base de vizinhança, cada uma com uma distribuição equilibrada de habitação, equipamento, rede viária, espaços livres, etc., criando-se zonas comerciais pontuais e zonas funcionalmente centrais - os centros - que deveriam vir a tronar-se responsáveis pelo incremento dinâmico das relações urbanas.
Depois de estabelecido o Plano de Urbanização, um grande número de projetistas interpretou e gozou a sua parcela de arquitetura com certa liberdade. Esta liberdade originou parcelas de arquitetura cuidada e rica em pormenor, á escala humana, com grande dimensionamento de espaços exteriores em certas áreas e pontos atuantes como atrativos para o encontro da população.